chronicle LONDON CALLING by CATARINA FIALHO TOJO















Manual de Sobrevivência Linda de Suza: 
Quando a Valise de Carton se Transforma 
em Excesso de Bagagem


Quando a Susana, me convidou para fazer esta crónica eu preocupei-me 
de imediato com o que escreveria, tendo dois dias livres por semana e 
trabalhando que nem uma louca para conseguir vingar nesta cidade, 
cujo o ritmo consegue definitivamente esmagar os mais fracos ( não se 
iludam, se pensam em emigrar, ou mudar de vida, as imagens de glamour 
que alguns passam são completamente falsas) , por isso, e aproveitando 
a liberdade total que a minha querida Susana me deu vou iniciar a série: 
Manual de Sobrevivência Linda de Suza: Quando a Valise de Carton 
se Transforma em Excesso de Bagagem.


Parte 1: Dois é Bom Nove é Demais

Depois de ultrapassar a fase das arritmias, sim, porque da tomada de 
decisão à chegada à nova realidade, se conseguirem sobreviver sem 
um ataque cardíaco já é muito bom, chegamos a fase do "onde é que 
me vim meter, quero a minha casa, quero a minha mãe, quero a minha 
cama e vou-me já daqui embora", também conhecida como a fase da 
casa partilhada.

Se pensam em vir para Londres, não pensem em espaço, pensem 
sim numa cidade cheia de apartamentos, atulhados de gente, que 
paga mais por um quarto minúsculo do que se paga em Portugal 
por uma vivenda na Quinta da Marinha!

Eu vivo numa zona maravilhosa, nas margens do rio Tamisa, limpa, 
ideal para fugir do stress do centro, perto de tudo, com tudo por perto. 
Isto seria perfeito, digno mesmo de uma comédia romântica, se não 
vivesse com sete pessoas! Sim sete, ouviram bem não me enganei, 
não estou a exagerar e neste momento estou a desesperar! 

Passo a traçar o perfil do meu desespero: 
- Quarto 1: Casal de Espanhóis que já cá estavam quando chegámos, 
ele o mais cómico fumador de charros do Mundo, tentativas frustadas 
de enfiar comida na máquina de lavar, perda de chaves de casa e 
reagge a tocar 24/7 como se tivéssemos na Jamaica.
- Quarto 3: Casal de Espanhóis, antipáticos e fantasmagóricos , evitam 
todas as horas em que se podem efectivamente cruzar com alguém, 
quando cruzam devem pensar que estão sob o manto da invisibilidade, 
porque falar com alguém é mentira. 
- Quarto 4: Nós
E por fim, sim saltei de propósito, o Quarto 2, vindos do Quinto dos 
Infernos para nos azucrinar a paciência, três italianos, três criaturas 
retardadas, espaçosas e com a maior cara de pau do Mundo! 
Acordam as 7 da manhã, começam por assobiar diversas canções, 
umas quantas óperas e umas quantas músicas satânicas. Usam a 
casa de banho de porta aberta, ocupam geral a mesa da cozinha, 
usam tudo o que não é deles, falam como se tivessem a discursam 
para uma multidão sem microfone, a fêmea do grupo bate a porta 
dos quartos dos rapazes casadoiros quando as respectivas estão 
fora e por aí adiante, que se continuo a lembrar-me de tudo, levan-
-to-me da cama, de onde vos escrevo, depois de ter sido novamente
acordada com assobios, de ter já lavado a casa de banho, e mato-os!


Welcome to London!
Welcome to My Life! 


XO
A very pissed-off Londoner 



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