VIVA O CINEMA PORTUGUÊS!!! VIVA PORTUGAL!
Imagem do filme de animação Água Mole, de Laura Gonçalves e Alexandra Ramires, vencedor do Grande Prémio do Festival Portugal Sou Eu. Original e pertinente, é um filme que deve procurar ver.
Aconteceu em Coimbra, a 23ª edição dos Caminhos do Cinema Português da qual fui júri. Devo dizer que foi um enorme privilégio, principalmente porque pude visionar longas, curtas, filmes de animação e documentários, que de outra maneira seria impossível conhecer. Foram 59, e poder falar-vos de alguns deles, é uma felicidade sincera.
Sou completamente fan de filmes de animação, e nesta edição houve alguns que se destacaram pela sua pertinência, originalidade, argumento, ilustrações, sensibilidade e interpretações, Água Mole, Surpresa, Última Chamada e Seven. Todos deveriam fazer parte do currículo escolar, seria mesmo importante que pudessem ser visionados pelas nossas crianças.
Surpresa, de Paulo Patrício, Menção Honrosa de Melhor Argumento Original, é um filme absolutamente perfeito.
Adorei a simplicidade de Seven de Carlos Sá, magistralmente bem realizado e produzido.
Saber quem foi Barbara Virgínia, foi um momento muito especial. É necessário agradecer à Luísa Sequeira, por ter trabalhado esta história, por a ter perseguido e decidido contá-la. Portugal precisa saber quem foi esta senhora, que não foi menos que fenomenal, e precisa de conhecer o seu legado. É um documentário pertinente, surpreendente, histórico e fundamental.
Quem é Barbara Virgínia, de Luísa Sequeira, Prémio de Melhor Documentário.
Imperdível, é o documentário genialmente desenvolvido sobre a Mariazinha, o João, os pais e o Zeca. Numa abordagem original à história desta família, Rosas de Ermera de Luís Filipe Rocha, é um documentário avassalador, comovente, viciante, que nos agarra do princípio ao fim, deixando-nos completamente rendidos à insustentável força das vidas. Conhecer a história de Zeca, antes de ser Afonso, é aceder viajar rumo ao vulnerável, ao que nos toca a alma, é revisitarmos-nos, mergulhando numa história que seduz e encanta.
Sempre gostei das músicas de Zeca Afonso, são bonitas, cativantes, intimistas. Rosas de Ermera, também.
Mariazinha em Timor. Rosas de Ermera de Luís Filipe Rocha, Prémio de Melhor Fotografia para João Ribeiro.
Com uma realização de estremo bom gosto e de grande sensibilidade estética, Vou-me Despedir do Rio, de David Gomes e Pedro Cruz, Menção Honrosa de Melhor Documentário, é tocante. Conta-nos uma história portuguesa, uma história sobre o interior de Portugal, sobre uma fábrica, uma aldeia, sobre o linho e um rio, mas principalmente sobre pessoas. É uma viagem pelo que já foi, e pelo que hoje é, ao som de cantares deliciosos. Imperdível!
Outro documentário muito interessante, embora eu preferisse que tivesse tido só imagens reais da família, é sobre a história de um homem, um exemplo de idoneidade, dos bom costumes, homem de família, um senhor, que faz uma escolha que vai contra as suas crenças e princípios, e que altera a percepção e a vida de todos os que o rodeiam. De embaixador a modelo, o caminho e as escolhas de Luis Pinto Coelho, fazem-nos pensar nas nossas próprias escolhas, na nossa própria vida, na dos nossos. e inevitavelmente no que vale mesmo a pena. Será que se tivesse sido possível voltar atrás, este senhor o teria feito? Teria ele feito as mesmas escolhas? Carta ao Meu Avô de João Nunes.
Carta ao Meu Avô de João Nunes.
Eternizar momentos na vida de alguém, é necessariamente escrever sobre eles e neste caso, passá-los para filme, O Homem Eterno de Luís Costa, é um documentário com imagens preciosas sobre outros tempos, e outras cidades. Uma história que vale a pena conhecer.
Em géneros muito diferentes, os atores Nuno Lopes, Prémio Melhor Ator e José Raposo, Prémio Melhor Ator Secundário no filme São Jorge de Marco Martins, Ana Bustorff, Prémio Melhor Atriz no filme O Dia em Que as Cartas Pararam de Claudia Clemente, e Joana Brito Pais, Prémio Melhor Atriz Secundária no filme A Mãe é Que Sabe de Nuno Rocha, tiveram excelentes interpretações. António Um Dois Três de Leonardo Mouramateus, ganhou o Prémio de Melhor Longa Metragem.
Com uma interpretação intensa, genuína e inesquecível, Nuno Lopes impressiona sempre na forma como se entrega às suas personagens. Imagem do filme São Jorge de Marco Martins, em que interpreta um boxer que tentar sobreviver numa realidade dura e difícil. Prémio de Melhor Ator.
Prémio de Melhor Atriz Secundária pelo filme A Mãe é Que Sabe de Nuno Rocha, Joana Pais de Brito brilhou e encantou, com uma interpretação soberba. Com um sentido de timing e de humor requintados, é impossível simplesmente não adorarmos a Josefa.
Adorei esta curta, Humores Artificiais de Gabriel Abrantes, que ganhou o Prémio Melhor Curta Metragem. Uma abordagem diferente e criativa, tendo a tecnologia robótica como pano de fundo. Muito, muito bom! Vale mesmo a pena ver.
Imagens da curta metragem Humores Artificiais.
Outra curta que me encantou foi Tudo o Que Imagino, de Leonor Noivo e André Simões. Com diálogos verdadeiramente genuínos, e com uma interpretação magnífica, conta-nos uma história de bairro, daqueles que se calhar não ficam assim tão longe das nossas ruas. Ganhou o Prémio de Melhor Argumento Original.
Com um ambiente espectacular, encerra-se mais uma edição dos Caminhos do Cinema Português, um Festival fundamental na cena artística, que promove o conhecimento e o reconhecimento de vastíssimas obras contemporâneas.
É impossível não agradecer à organização e sua equipa, as duas absolutamente fantásticas, que possibilitam que um evento tão relevante e especial, mas com imensas dificuldades na sua concretização, consiga ter este espaço. Todos os Caminhos foram dar ao Cinema Português, numa noite em que quem ficou a ganhar, foi mesmo Portugal. Bravo!
Fotografia por João de Bettencourt Bacelar
Com as maravilhosas atrizes Carla Chambel e Joana Pais de Brito, e com um fabuloso casaco da designer de moda Susana Bettencourt coleção OI17/18.
O Juri da 23ª Edição dos Caminhos do Cinema Português esteve sempre em palco, e entregou os prémios a todos os vencedores. António Dias Figueiredo, Carlos Coelho, Pedro Chagas Freitas, Miguel Monteiro, João Torres, Pedro Figueiredo e eu. Ana Padrão e Maria João Mayer não puderam estar presentes. A apresentação foi de Gonçalo Melo Ribeiro e de Teresa Roxo.
Joana Pais de Brito a receber o seu mais que merecido Prémio de Melhor Atriz Secundária, pelo filme A Mãe é Que Sabe, de Nuno Rocha.
Com os muito talentosos atores Nuno Lopes e Joana Pais de Brito, e o não menos talentoso realizador Nuno Rocha.
Já tarde, cansados mas felizes :=) João Torres, Luísa Sequeira, Miguel Monteiro, Carla Chambel, eu, Gonçalo Melo Ribeiro, Vitor Ferreira, Nuno Lopes e Mariana Lopes Seco.